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terça-feira, 4 de setembro de 2018

Democracia? Nem para os Gregos, nem para os Tricolores.

Democracia? Nem para os Gregos, nem para os Tricolores.




A Lei nº 10.671 de 15 de Maio de 2003 que dispõe sobre o Estatuto de Defesa do Torcedor é taxativo:
...
Art. 2º TORCEDOR é toda pessoa que APRECIE, APOIE OU SE ASSOCIE a qualquer entidade de prática desportiva do País e acompanhe a prática de determinada modalidade esportiva. (grifos nossos)
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se a apreciação, o apoio ou o acompanhamento de que trata o caput deste artigo.

Importante ressaltar que “salvo prova em contrário”, sabiamente o Legislador trouxe à luz o variado espectro das relações com os clubes, reconhecendo através do ordenamento jurídico pátrio dos direitos de todos os Torcedores. Reitero: TODOS! E em qualquer condição. Não obrigando ninguém a estar em nenhuma delas e os tratando com a mesma importância.

Salvo erros na metodologia escolhida para mensurar o tamanho da Torcida do Bahia, ouvimos números entre 2,5 e 4 milhões de apaixonados. Gente que em sua maioria absoluta, é pobre, vive de salário mínimo ou receitas eventuais, mas que nunca deixou de acompanhar o clube, dividindo o pouco que possui com as bilheterias dos estádios. Esses dados jamais podem ser esquecidos. 

O dublê de Jornalista, porta-voz de Aécio Neves, lacaio de Gilmar Mendes, modelo e atriz, Reinaldo Azevedo, num de seus raros momentos de lucidez, disse que: “Não existe Democracia sem eleição, mas existe eleição sem Democracia”.

Mas então, o que é a tão propagada Democracia? A palavra democracia tem origem no grego “demokratía” que é composta por “demos” (que significa povo) e “kratos” (que significa poder). Ou: PODER DO POVO. Neste sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio UNIVERSAL, quando podem escolher seus REPRESENTANTES (grifos nossos)

Só que a Democracia não se resume ao ato de VOTAR para escolher seus representantes. É MUITO MAIS QUE ISSO. Ela possui princípios, peculiaridades e alicerces indispensáveis. Pressupõe a participação de todos, garantindo também os direitos individuais e das minorias. Ela exige CONTRADITÓRIO, com o reconhecimento das oposições de ideias. Clama por RESPONSABILIDADE dos agentes e por sua PROBIDADE. Exige TRANSPARÊNCIA. E, principalmente, garante a FISCALIZAÇÃO dos atos. De todos eles.

Ao fim que se destina, vi a realização “quase” que de uma Micareta pela aprovação, através do Conselho Deliberativo do Bahia, do Regulamento do Voto à Distância nas Assembleias Gerais. Nada mais justo. TODOS possuem esse direito. Mas...

...Não se vê a mesma “boa vontade” no sentido de agregar ao chamado “colégio eleitoral” os “2,5 e 4 milhões de apaixonados”. Aqueles pobres, sobreviventes do desemprego, do salário mínimo e/ou das receitas eventuais, mas que nunca deixaram de acompanhar o clube, investindo no amor que sente pelo Bahia.

Ao contrário, a partir da assertiva supra, assistimos a uma verdadeira cruzada dos detentores de poder em limitar o acesso universal aos sofridos confrades em qualquer condição. Alguns chegam a ironizar a dificuldade que vivem os menos aquinhoados, sua pobreza material, sua miséria, seu desemprego... Numa demonstração de excludência, proposital, arrogante e ignorante.

Justificam essa aberração com a criação de planos alternativos, quando fizeram o favor de agregar 2000 “miseráveis” à convivência na “boca da urna”. Sem, obviamente, deixar de meter a mão no bolso de uma maioria esmagadora, que vive do já citado salário mínimo ou apenas rendas alternativas. Não canso de falar isso. Tratam como um mimo dado por Deus.

Todo o trabalho dos arrogantes submissos ao status quo consiste em agregar aqueles que já estão devidamente cooptados, ao longo de anos de “promoções” e presentinhos, além dos convescotes com Diretores do clube. A falsa sensação de estarem participando do processo decisório, se junta a ingressos e outros itens “dados” como retribuição, garantindo o apoio cego e conivente.

Nunca falam em TRANSPARÊNCIA. Impávidos, assistimos seguidamente a fatos estranhos e negócios que só trazem prejuízos. Valores declarados de transações que não condizem com a realidade. Acabamos sendo informados através de vazamentos, atos falhos ou pela transparência da outra parte do negócio. E tudo sempre fica por isso mesmo.

Jogadores da Base surgem em outros clubes sem qualquer aviso. Outros são emprestados e não retornam. Vários aparecem como transacionados e ninguém conta. Contratações sem necessidade, caras e de baixa qualidade. Ninguém fala sobre valores, empresários e comissões. Tudo é um mistério

Não há FISCALIZAÇÃO dos atos. Alguns poucos ungidos emitem pareceres sobre as contas. Tudo é tratado como o paraíso. Outros temas jamais são sequer discutidos, como a estranha negociação com o Esporte Interativo. Se houveram intermediários ou quantos receberam. Essa contabilidade é aprovada sem o conhecimento de ninguém e, pasmem: em clima de “festa da Democracia”.

Reiterando que um título de Sócio comum corresponde a quase 5% de um Salário mínimo bruto, é importante salientar que entre o ínfimo número de sócios, existem Advogados, Engenheiros, Administradores... E nenhum deles reclama de absolutamente nada. E o clube devendo os “olhos da cara e do...”.

Não adentrarei ao aumento das receitas, e de como isso se dá. Não falarei das dívidas e de como elas surgem. Isso aqui ficaria interminável. Fica para outra ocasião, quando a paciência permitir.

Estava difícil concluir o texto. Um assunto puxa outro. Alguém já disse isso. Mas, já disseram também que “quem ganha uma eleição, tem a obrigação de exercer seu mister. E quem perde, ganha a obrigação de fazer oposição e fiscalizar”. Talvez a mais emblemática seja aquela que versa: “Toda unanimidade é burra”. Nada disso pode ser esquecido.

O resto fica para o próximo encontro. Sem bajulação ou “Oba-oba”. Pois a conta sempre chega.


Luis Peres é @BahiaClub e @UniaoTricolorBa. Aquele que não transfere para ninguém a responsabilidade do que diz. Eterna Oposição a tudo e todos.