BLACK EYED PEAS

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Deus salve o Rei! - Cap. 1 - NADA NÃO! POUCA COISA!

NADA NÃO! POUCA COISA!


Um cidadão acorda. Pensa em sua vida. Sabe que precisa ir para um trabalho que lhe paga um salário de merda.

Sai de casa aos “empurrões” como se estivesse indo para a forca.

Quando chega à garagem, descobre que roubaram seu carro.

Revoltado, pega um ônibus para ir a uma Delegacia prestar queixa. Mal subiu e 2 assaltantes entram na "condução". Batem na cara dele, dão coronhada. Levam relógio, o celular e a carteira.

Ele desce. E com um telefone emprestado pede que um Uber o leve à Delegacia. No caminho Taxistas revoltados quebram o carro todo e o espancam.

Apanhado, o cidadão consegue chegar a uma lancha para levá-lo ao continente. Na breve viagem o barco afunda. Morrem várias pessoas. Ele é arremessado às pedras. Cadáveres dilacerados passam ao seu lado. Ele desmaia.

Acorda num hospital do SUS. Não havia médico, remédios ou macas. Ele é colocado no chão frio e sujo, até que possa ser atendido. Não consegue se mexer.

De repente, escuta gritos: “Fogo...! Fogo...!” O Hospital está em chamas. O pobre sofre queimaduras de 2º e 3º graus em várias partes do corpo.

Ambulâncias retiram os pacientes para transferí-los para outro local. Ele pensa que seu calvário está chegando ao fim.

O veículo de resgate ruma em direção a um posto de saúde próximo a um Aeroporto.

No meio do caminho, um helicóptero desgovernado que estava levantando voo, perde o controle e se choca contra a ambulância. O veículo de socorro perde o rumo e despenca de um viaduto com 20 metros de altura.

Ninguém viu a ambulância na cena do acidente. Ninguém viu quando ela caiu sobre as pedras, dentro de um rio de esgoto.

Nosso “herói”, único sobrevivente do desastre, fica com aquela água fétida até a altura do nariz durante três dias, contraindo várias infecções.

Desacordado, é salvo por agricultores ribeirinhos, que no afã de ajudar, lhes dão um chá com plantinhas tiradas da beira do citado córrego contaminado.

Levam-no ao hospital, ainda “apagado”, no lombo de um burro durante SETE... Eu disse SETE, sim, léguas.

Já medicado, nosso imortal Torced... Ops! Digo: herói, desperta. Nem teve tempo de saber que ainda estava vivo. A enfermeira, de “bate-pronto”, lhe comunicou de tudo o que ele havia passado, das fraturas, queimaduras e infecções, além de um câncer em metástase que foi descoberto durante os exames.

No mesmo ato, foi dito que sua mulher havia sido comunicada de tudo, mas avisou que fugiu com seu melhor amigo levando todas as coisas do casal, alegando ser tudo dela por direito.

Não satisfeita a dita enfermeira, ainda avisou das únicas visitas que aguardavam ele acordar já há muitas horas. Era o agiota e seus capangas que tinham ido cobrar uma dívida vencida há dois meses e estavam o ameaçando morte. Tendo ido lá para cumprir o prometido.

Antes do tiro de misericórdia, nosso herói pede para fazer umas perguntas como último pedido. E diz: “Como está meu clube do coração?” “Como estão as negociações de compra e venda de atletas?”

Rindo, seu algoz conta-lhe com riqueza de detalhes, pois entre outras atividades, também era empresário de jogadores e conhecia do ramo.

O moribundo começa a chorar copiosamente dizendo: “Não...! De novo, não...!

O empresário do ramo da ganância promete poupá-lo se ele responder apenas a uma pergunta: “O que ocorreu com você nos últimos dias?”.

O “pé-na-cova” responde em tom de autoajuda e demonstração autopiedade: NADA NÃO! POUCA COISA!

Moral da história: Tem gente que nem na hora da morte VÊ a merda que está acontecendo e não abaixa o nariz reconhecendo os erros. Vai morrer pobre, soberbo e feliz por achar que é melhor que outros pobres.

Quem diz querer mudar, sem sair do lugar, vai ficar parado.


Qualquer semelhança com nomes pessoas ou Torcedores, pode não ser mera coincidência. 

Luis Peres é @BahiaClub e @UniaoTricolorBa