NADA
NÃO! POUCA COISA!
Um
cidadão acorda. Pensa em sua vida. Sabe que precisa ir para um trabalho que lhe
paga um salário de merda.
Sai
de casa aos “empurrões” como se estivesse indo para a forca.
Quando
chega à garagem, descobre que roubaram seu carro.
Revoltado,
pega um ônibus para ir a uma Delegacia prestar queixa. Mal subiu e 2
assaltantes entram na "condução". Batem na cara dele, dão coronhada. Levam
relógio, o celular e a carteira.
Ele
desce. E com um telefone emprestado pede que um Uber o leve à Delegacia. No
caminho Taxistas revoltados quebram o carro todo e o espancam.
Apanhado,
o cidadão consegue chegar a uma lancha para levá-lo ao continente. Na breve
viagem o barco afunda. Morrem várias pessoas. Ele é arremessado às pedras. Cadáveres
dilacerados passam ao seu lado. Ele desmaia.
Acorda
num hospital do SUS. Não havia médico, remédios ou macas. Ele é colocado no
chão frio e sujo, até que possa ser atendido. Não consegue se mexer.
De
repente, escuta gritos: “Fogo...! Fogo...!” O Hospital está em chamas. O pobre sofre
queimaduras de 2º e 3º graus em várias partes do corpo.
Ambulâncias
retiram os pacientes para transferí-los para outro local. Ele pensa que seu
calvário está chegando ao fim.
O
veículo de resgate ruma em direção a um posto de saúde próximo a um Aeroporto.
No
meio do caminho, um helicóptero desgovernado que estava levantando voo, perde o
controle e se choca contra a ambulância. O veículo de socorro perde o rumo e despenca
de um viaduto com 20 metros de altura.
Ninguém
viu a ambulância na cena do acidente. Ninguém viu quando ela caiu sobre as
pedras, dentro de um rio de esgoto.
Nosso
“herói”, único sobrevivente do desastre, fica com aquela água fétida até a
altura do nariz durante três dias, contraindo várias infecções.
Desacordado,
é salvo por agricultores ribeirinhos, que no afã de ajudar, lhes dão um chá
com plantinhas tiradas da beira do citado córrego contaminado.
Levam-no
ao hospital, ainda “apagado”, no lombo de um burro durante SETE... Eu disse
SETE, sim, léguas.
Já
medicado, nosso imortal Torced... Ops! Digo: herói, desperta. Nem teve tempo de
saber que ainda estava vivo. A enfermeira, de “bate-pronto”, lhe comunicou de
tudo o que ele havia passado, das fraturas, queimaduras e infecções, além de um
câncer em metástase que foi descoberto durante os exames.
No
mesmo ato, foi dito que sua mulher havia sido comunicada de tudo, mas avisou que fugiu
com seu melhor amigo levando todas as coisas do casal, alegando ser tudo dela
por direito.
Não
satisfeita a dita enfermeira, ainda avisou das únicas visitas que aguardavam ele acordar já há
muitas horas. Era o agiota e seus capangas que tinham ido cobrar uma dívida vencida
há dois meses e estavam o ameaçando morte. Tendo ido lá para cumprir o prometido.
Antes
do tiro de misericórdia, nosso herói pede para fazer umas perguntas como último
pedido. E diz: “Como está meu clube do coração?” “Como estão as negociações de
compra e venda de atletas?”
Rindo,
seu algoz conta-lhe com riqueza de detalhes, pois entre outras atividades,
também era empresário de jogadores e conhecia do ramo.
O
moribundo começa a chorar copiosamente dizendo: “Não...! De novo, não...!
O
empresário do ramo da ganância promete poupá-lo se ele responder apenas a uma
pergunta: “O que ocorreu com você nos últimos dias?”.
O
“pé-na-cova” responde em tom de autoajuda e demonstração autopiedade: NADA NÃO!
POUCA COISA!
Moral da história: Tem
gente que nem na hora da morte VÊ a merda que está acontecendo e não abaixa o
nariz reconhecendo os erros. Vai morrer pobre, soberbo e feliz por achar que é
melhor que outros pobres.
Quem
diz querer mudar, sem sair do lugar, vai ficar parado.
Qualquer
semelhança com nomes pessoas ou Torcedores, pode não ser mera coincidência.
Luis Peres é @BahiaClub e @UniaoTricolorBa